quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Miguel no país da estupidez 3

Hoje conheci aquele que é, muito provavelmente, o meu melhor amigo. No mínimo o irmão mais velho que nunca tive. Com certeza um grande companheiro nesta estrada a que chamamos vidinha. Conheci-o onde se conhecem todos os melhores amigos, num quarto de hospital. A amizade é tão forte que partilhámos tudo aquilo que os grandes amigos partilham, excepto seringas. Passo a enumerar os motivos que fazem do Sr. Manuel o meu melhor amigo:

O Sr. Manuel ofereceu-me um pouco da sua comida de hospital. Uma sandes de fiambre, é certo. Mas não duvido que se fosse hora de almoço, em vez da do lanche, poderíamos comer do mesmo prato a pescada cozida com puré de batata. Quiçá com o mesmo garfo?

O Sr. Manuel falou-me da sua terra, da sua cultura. Como é bom partilhar com os nossos amigos as idiossincrasias das nossas povoações de infância, principalmente quando elas determinam que às crostas chamemos postelas.

O Sr. Manuel falou dos seus genitais, da postela que tem neles, tudo isto enquanto ostentava orgulhosamente o seu bem mais precioso: a sua algália.

Com o Sr. Manuel falámos de mulheres numa animada discussão sobre brasileiras e ucranianas.

Ao Sr. Manuel tive o prazer de ensinar como se baixava a cama do quarto do hospital, que no fundo é como se lhe aconchegasse os cobertores numa fria noite de Inverno.

Por fim o Sr. Manuel despediu-se de mim como os grandes amigos se despedem uns dos outros: "Espero que nunca mais te ponha a vista em cima!"

Ai, o meu amigo Sr. Manuel e a amizade são muito importantes!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Miguel no país da estupidez 2

Hoje, quando vinha no metro, assisti a uma conversa entre dois amigos, os quais me pareciam demasiado íntimos, que me interessou bastante. Passo a reproduzi-la alterando, por motivos óbvios, o nome dos intervenientes.

Paulo - Onde eu queria entrar um dia para me perder, era nesses recantos onde tu andas sozinha.
Olavo - Sem mim? Ardo em ciúme!
Paulo - Só vai quem tu quiseres.
Olavo - De onde és, senhora?
Paulo - Do tempo sem fim...
Olavo - Ai ai... - suspiro romântico - Por minha cruz, por minha jóia de luz, livre-me jesus, de estar um dia...
Olavo e Paulo - ENTRE AS MULHERES!! AH AH AH - riso histérico descontrolado

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Nhiiii

Não quero armar-me em Paula Bobone e ensinar boas maneiras e modos adequados de se conversar socialmente. Apesar da Paula Bobone estar para as boas maneiras como o Eládio Clímaco está para os os jogos sem fronteiras, dou-lhe pouca credibilidade. Aliás estas coisas das regras de etiqueta interessam-me pouco. Mas...

Há várias coisas que me irritam. Mais do que isso, há certas coisas que me incomodam de tal forma que me sinto envergonhado só de as ver, mesmo não tendo nada a ver com elas. Um exemplo disso são certos acontecimentos da televisão que são tão incómodos para quem os experimenta que eu próprio sinto um arrepio que me obriga a mudar de canal. Por exemplo se alguém diz ou faz uma barbaridade qualquer ou é demasiado estúpido para estar na TV, fico de tal forma constrangido que tenho de refugiar-me noutro canal e encontrar a protecção intra uterina em programas mais eruditos.

Uma coisa que me irrita mesmo muito são os programas de humor do estilo "Malucos do Riso" ou "Camilo na Segurança Social". O que irrita mais nestes programas são aquelas frases que as personagens dizem sempre que acaba o programa. Todos se lembram dos ícones "Cabecinha Pensadora" ou o "Lá fora tá-se pior... tá-se!!" Eh pá. Nada me incomoda tanto como isto e muitas vezes não me apercebo que o momento disto ser dito está a chegar e não consigo pontapear a tempo a televisão para não ter de ouvir estas coisas. E lá fico eu com o sentimento de vergonha só porque o Guilherme Leite é ridículo.

Mas aquilo que defenitavemente não aguento são as pessoas que utilizam estas e outras frases feitas no seu dia-a-dia como se estivessem a citar Descartes ou Nietzsche. Não aguento. Sinto raiva e vergonha ao mesmo tempo e torna-se insuportável. Odeio frases feitas, apetece-me bater como varas compridas e que fazem "fuuuu" quando cortam o vento. São disso exemplo as seguintes 15 expressões mais a 16ª que é das coisas mais irritantes e infleizmente mundanas que já tenho visto- vou listá-las na esperança que as pessoas as evitem dizer quando estão comigo:

1 - Vá lá vai!
2 - Lá fora tá-se melhor... tá-se!
3 - Certas e determinadas coisas
4 - As desculpas não se pedem, evitam-se
5 - Oh Costa, a vida costa...
6 - Até a barrrraca abana
7 - Tás aqui, tás ali.
8 - Tá bem tá
9 - Ah nanas...
10 - Então não, coração?
11 - Bora nessa, Vanessa?
12 - Cabecinha pensadora...
13 - É pró bujão
14 - Toma lá morangos
15 - Isto é que tá aqui uma açorda...
16 (a cereja no topo do bolo) - Ama quem te ama, não quem te sorri, quem sorri engana, quem te ama sofre por ti! Quem é que inventou esta merda?


De certeza que me estou a esquecer de algumas. Espero contibutos para ir acrescentdando. Vamos fazer do léxico um lugar melhor.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Poesia

Abro uma nova rubrica dedicada à poesia. Abro este espaço com um poema belíssimo de Florbela Espanca.

É bom ver a floresta
Ao sol...
Nascer!
É bom...
... imaginar...

- O que irá acontecer?



Sublime...

From Poccna with Love

De volta de férias, há coisas que têm de ser ditas sobre o maravilhoso mundo que é a Rússia, aliás, sobre a União Soviética de uma forma geral.

Em primeiro lugar para os Russos, a Estónia, a Letónia e a Lituânia não existem. Ou melhor, existem tal como o Algarve, a Beira Baixa e o Douro Litoral existem para os portugueses. A prova disso mesmo é a tentativa de trocar dinheiro Lituano no banco central de S. Petersburgo. A reacção é a seguinte (isto dito em Russo): "Ah ah, que engraçado. Aqui não se trocam notas do monopólio. Eu sei que nessa região eles têm essas notas de brincar e fingem que valem alguma coisa. Compram e vendem objectos e bens com isso mas na verdade não vale. É de brincar. A moeda de lá é o Rublo, como aqui."

Por seu turno, os bálticos, nome que eles odeiam que lhes chamem, fingem que a Rússia não existe. E não existirá tão cedo.

Outra coisa gira acerca dos Russos é o facto de não saberem falar nada que não seja a lingua que as suas mães lhes ensinaram. Isto é deveras caricato dado que os Russos, quando não têm nada para fazer, adoram falar com os estrangeiros... em russo. Depois os estrangeiros dizem que não percebem. Depois os russos pensam um pouco tentando lembrar-se de como se diz noutra língua e o que é que fazem? Continuam a falar em russo: "Não me expressei muito bem, vou tentar de novo mudando a ordem das palavras e assim já me vão entender". E passam horas nisto, como se por magia o estrangeiro fosse abençoado com o condão do cirilico e passasse a perceber toda e qualque frase dita na língua dos russos.

Os russos gostam muito de igrejas e coleccionam-nas como se fossem caricas ou cromos de futebol. Os bálticos também e têm muitas para a troca.

Os lençois das camas dos russos e dos bálticos são sempre mais pequenos do que os colchões. Isto explica-se porque eles acham que as pessoas devem todas partilhar tudo, como está escrito nos anais do socialismo leninista, nomeadamente os seus piolhos ou os seus chulés, consoante a parte da cama que fica sem lençol, situação que os russos permitem que fique ao critério de cada um.

Na Rússia e nos Bálticos as pessoas casam-se todos os dias e todas ao mesmo tempo. Em vez de irem para um sitio fazer o copo de água andam pela rua/campo/centros comerciais/piscinas municipais/becos a tirar fotografias com uma série de gente atrás. Leva saquinhos com sandes de queijo e garrafas de espumante, para quando der a larica. Eu quando me casar vou fazer o mesmo. E vou tirar fotos para Belém, para o Vasco da Gama e também uma ou outra no Martim Moniz.

Os bálticos odeiam os russos, já disse, mas amam os americanos. Como tal comportam-se e vivem como eles. Constroem as suas cidades como se estivessem no Alabama ou no Kentucky. Tocam banjo e dizem M'darling.

Ranking das capitais:

1º - S. Petersburgo (não é capital, mas devia ser) - Impressionante e majestosa, mas o Hermitage não é melhor que o Louvre.
2º - Vilnius - Paris do Báltico
3º - Riga - Amsterdão do Báltico
4º - Tallin - O castelo do He-man featuring casa de campo da Barbie do Báltico
5º - A Nova Jersey do Oriente - É uma vergonha de cidade mas tem um granda metro.


Prometi a um russo que encontrei no combóio, o qual tinha uma arma no bolso, que diria aos meus amigos que os russos eram boas pessoas. A melhor maneira de o fazer é aqui. Realmente é verdade. Os russos têm muito má fama pelo ocidente mas a verdade é que a grande maioria dos que conheci eram realmente individuos de boa índole. Não são simpáticos, é um facto. Parece que nos estão sempre a ralhar. Mas não são maus tipos. Muito pelo contrário. Mesmo com armas no bolso...