sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Miguel no País da Estupidez 4 2/2

(continuação)

Cheguei à Segurança Social, aquele maravilhoso edifício que elimina logo uma série de potenciais utentes, devido à complexidade de portas automáticas, corredores labiríntico. 

Dirijo-me ao balcão dos trabalhadores independentes onde existe uma funcionária na triagem. A função da senhora da triagem é a seguinte:

- É trabalhador independente?
- Sim
(tira uma senha da máquina das senhas dos trabalhadores independentes a qual só tem este botão e está no balcão com a mesma designação) - Tem aqui a senha, é só aguardar o número.

Muito bem. Existe uma profissão no nosso país que consiste em fazer uma pergunta e carregar num botão. Acho que a do Homer Simpson era mais complexa... Mas no meu caso a história passou-se de forma um pouco diferente:

- É trabalhador independente?
- Sim
(tira a senha) - Tem aqui a senha, é só aguardar o número.
- A máquina que diz os números não está a funcionar, sabe em que número vai?
- Não faço ideia.

Bom, esta senhora que tem esta profissão complexa é incapaz de decorar um número que ouviu certamente há 3 segundos atrás. Deve estar cansada...

Lá fiquei à espera e percebi que tão cedo não me ia despachar. Resolvo ir à secretaria pedir uma informação. Chego ao balcão e digo:
- Queria uma informação
Ao que a senhora responde amavelmente:
- Ainda não temos maneira de saber os dados das pessoas só por olhar para a cara delas. Sem o número da Segurança Social não posso fazer nada!

A sensação que me deu foi que saltámos uma série de passos na nossa conversa até ao ponto em que ela me responde isto. A conversa devia ter sido:
- Queria uma informação
- Sabe o seu número da Segurança Social?
- Ah, que chatice. Não trouxe! Raios!
- Ainda não temos maneira de saber os dados das pessoas só por olhar para a cara delas. Sem o número da Segurança Social não posso fazer nada!

Agora sim faz sentido! Lá lhe disse o número e ela manda-me ir ao sítio de onde tinha vindo pedir essa informação.

Voltei lá, perguntei o que tinha de perguntar. Preenchi uma série de impressos e eis que ela me pede um papel que supostamente eu tinha de ter quando faço as declarações nas finanças:

- Não tem este papel?
- Não, eu faço a declaração electrónica. Não preencho impressos... É tudo pela internet... E agora? Há alternativa?
- Ah, então não dá. Só tendo este papel.

VIVA A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA!!!


Adorei este dia. Ainda fui ao Centro de Saúde por causa da Gripe A... mas isso é uma outra história...

Miguel no país da estupidez 4 1/2

Uma das minhas actividades predilectas é sem dúvida aquilo a que comummente chamamos de tratar de uns assuntos. Estou obviamente a referir-me às espectaculares idas às finanças. Note-se ainda que qualquer ida a esse local mágico, só fica completa se for seguida de uma maravilhosa entrada no mundo da Segurança Social. Ir às finanças sem depois ir à segurança social é como ir ao Estádio da Luz sair ao intervalo quando estava 0-0 e não ver os 5 golos que se marcam no segundo tempo - nomeadamente com golos do David Luiz, Cardozo (2), Maxi Pereira e Ramires - coisa que nunca me aconteceu, mas que posso imaginar...


Foi assim que aconteceu:

Chegado às finanças deparo-me com esse ícone da tecnologia e da complexidade, a máquina das senhas. Tirei logo a do IRS, a do IVA e a da Secretaria. Tirei também a da flatulência pois tinha comido coisas pesadas. Ora fiquei a aguardar alguns minutos e eis que me chamam da Tesouraria:
- Queria comprar o livro de recibos
- Tem actividade aberta?
- Vim abrir agora, estou à espera que me chamem desta senha... (IVA ou IRS)
- Ah, então tem de esperar que o chamem e depois vem cá...
- Hum... ok. Então e em qual delas é que posso abrir actividade, tirei ambas porque não sabia ao certo.
- Tanto faz! Para abrir actividade pode ser em qualquer balcão...

Ok, o senhor amavelmente informa-me que qualquer balcão daquela repartição das finanças me pode tratar do assunto principal, excepto aquele mesmo onde me encontrava para tratar do assunto secundário, que depende do assunto principal. No fundo eu acho que onde quer que eu fosse perguntar o que quer que seja a resposta seria esta:
- Qualquer um de nós te podia tratar de tudo, mas temos uma regra que diz que todas as pessoas que aqui vêm têm de passar sempre por dois funcionários. É só porque temos um enquete acerca da pessoa mais feia do dia, e para isso precisamos sempre de dois júris, para não enviesar...
- Certo. Espero ganhar!


Pronto. Lá esperei mais um pouco e fui para onde me chamaram primeiro. O IRS:
- Bom dia queria abrir actividade.
- Isso não é aqui!
Por segundos senti raiva...
- Mas eu posso tratar-lhe disso. (lá está, o primeiro senhor tinha razão)

Lá tratámos das coisas e às tantas pergunto-lhe qualquer coisa acerca dos meus descontos, informando-o de que já tinha pedido esclarecimentos mas que a pessoa que mos forneceu não tinha sido clara. O senhor responde o seguinte:
- Sabe que as mulheres não são muito boas a esclarecer e a explicar.
- Pois... (medo)
Ora, eu nunca referi que tinha falado anteriormente com uma mulher nem sequer tenho nada a ver com a relação do senhor com as mulheres. Não quero saber...

Lá voltei ao primeiro tipo, comprei os recibos, perguntei se estava bem classificado no cliente mais feio do dia e segui alegremente para a Segurança Social...

(to be continued)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Cantiga de amigo ou Katinga de amor? 18000

Quem me dera que fosse por cá. Quem me dera que fosse verdade.

Reacção eleitoral tardia, ou seja, vira o disco e toca o mesmo. Vale pela música!

Ofensa gratuita

Oh Sócrates és um otário!

Infantilidades Hardcore

Ah, não há nada como voltar à infância. Mesmo sem ser em psicoterapia. Em minha casa nunca houve o hábito de se cantarem músicas infantis e talvez por isso seja mais são do que muitos das pessoas da minha e de outras gerações. É que as canções que se cantavam na minha infancia eram pouco próprias e eu só há bem pouco tempo me dei conta disso. Meus amigos, as questões da psicopatologia estão em grande parte ligadas às canções infantis. Reparem nestes exemplos.

A barca virou, deixá-la virar, a menina Ana não sabe nadar - Isto é aquilo a que se chama em termos legais, no mínimo, homícidio por negligência. Vamos lá cantar isto às nossas crianças para que elas aprendam como às vezes as pessoas morrem de "maneira a parecer um aciedente". Educativo, boa!

Que Linda Falua...Passará não passará mas algum ficará, se não for a mãe da frente é o filho lá de trás. Tudo bem! - Eis o exemplo típico daquilo a que eu chamo um trauma. Ora a mãe não pode sustentar os filhos todos, provavelmente nunca foi a uma consulta de planeamento familiar, então o que faz? Dá-os ao senhor barqueiro. A criança percebe isto: "A minha mãe quer é ir pro outro lado do rio, com os putos ou não...". Obrigado pelo exemplo mães cantadeiras. Muita segurança que isto dá às crianças...

Atirei o pau ao gato - a criança ouve: "bater nos animais é bom, até cantam por causa disso. E ainda assusto a velha... quando for grande e tiver uma mulher faço-lhe o mesmo..."

O Senhor galo é bom cantorv ... está sempre a cantar co co ro co co ro ... mas houve um dia e não cantou... outro e mais outro... nunca mais se ouviu co co ro co co ro! - O que a criança percebe é isto: "O galo é muito bonito e canta muito bem, mas nós matámo-lo e hoje vamos comê-lo ao jantar. Se te portares mal e chorares muito (co co ro) fazemos-te o mesmo!"

Jozelito já te tenho dito que não é bonito andares-me a enganar, chora agora que me vou embora para não mais voltar - Tradução na criança: "se mentes ou te portas mal abandono-te e morres à fome!"

O meu chapéu tem 3 bicos - Isto é inciação ao Bondage, perturbação do comportamento sexual. Só quem usa coleiras e outros adereços com picos são os cães e esta malta.

Há mais e nem vou entrar no assunto do "Homem do saco", "A velha" ou o "Se não comes a sopa chamo o polícia (sim, porque quando se quer assustar ameaçamos com quem nos defende...)"



Depois venham-me falar de angústia de morte e de angústia de separação e psicopatia...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Quando é que viram a gripe A para o lado B?

Sim, esta história da gripe já enjoa. Eu vou ter e muitas das pessoas que estão a ler isto também. E depois? Todos os anos acontece isto! Qual é a novidade? A diferença é que este ano vai acontecer mais.

Hoje estava numa sala de aula e, depois de uma criança espirrar, a professora pergunta com um ar aterrorizado e inquisidor: "Quem é que espirrou?". Aquilo foi tão forte que este "Quem é que espirrou?" na minha cabeça transformou-se automaticamente num "É o fim! Estão a chover sapos e vem aí um tsunami! Nostredamus tinha razão, o Dia do Julgamento chegou!"

Acho que não se justifica este alarme todo. Há muito tempo que digo isto, mas parece - não sei porquê - que não sou autoridade nesta matéria. E mantém-se o plano de contingência! Ao mesmo tempo, os tipos das farmacêuticas activaram os planos de continência, pois já estão todos urinados de excitação com o dinheiro que vão fazer! Tipo caniche.



O Trinca no Caroço tem preocupação social e tem pessoas que fazem coisas. Por isso reuniu a sua equipa de especialistas em doenças e seus tratamentos, as quais prontificaram a emitir uma série de opiniões e processos simples a seguir para melhor combater este enorme problema que é a... a... a... a... tchim! A gripe. É uma equipa da mais fina estirpe com credenciais nas mais variadas doenças - como poderão constatar nos seus currículos - uma equipa à qual eu gosto de chamar simplesmente: velhos.

Dona América, 79 anos, artrites, artroses, reumático, ciática, espondilose e osteoporose, problemas de equilíbrio - Quando se está doente é preciso vomitar bem. Quando se espirra não se pode fazer força senão pode-se partir a espinha. Se não queremos ter a gripe A não podemos andar descalços no chão da cozinha. Canja é bom para a gripe, mas só o caldo.

Dona Júlia, 75 anos, diabetes, 13 pneumonias, angina de peito - As pessoas fazem tudo para não ir trabalhar. No meu tempo podia estar a chover pedras que o meu pai obrigava-nos a ir para os campos ou tratar dos porcos. Não foi por isso que não cheguei a velha e não me lembro de ter ficado sequer constipada.

Sr. António Oliveira, 65 anos, sífilis, herpes, quadradinhos verdes no púbis - Estas doenças novas que aí andam são por causa dos drogados e dos outros, dos maricas. O que eles precisam é de uma tareia. Eu não apanho de certeza que não me meto nisso.

Sr. Geraldo, ex-atleta federado do Belenenses, 86 anos, saúde de ferro, sofreu recentemente um AVC - baba... baba...

Dona Ivone, 98 anos, sem historial clínico significativo - Eu não sei nada disso, mas eu e o meu Álvaro amamo-nos muito, muito. Se ficamos com tosse vamos para a caminha e dormimos muito agarradinhos.

Sr. Chico Fernando, 68 anos, preenche o eixo II do DSM IV - A gripe vem do útero de uma ovelha que eu lá tenho. Um dia violei-a e apanhei a gripe A toda. Para passar temos que roçar os genitais em lama e depois guinchar como um porco.

Dona Canô, 113 anos, despersonalização e desrealização - Xô tem di metê galinha no piteco. Fubá de cutucá no Gripe A. Voicabu Voicabu.

Dona Eugénia, 70 anos, Alzheimer - Ah, eu já soube isso!

Dona Porcina, 60 anos, várias gripes, gripe A - Ben - U- Ron, antibiótico e descanso.


O que esta malta nos quer ensinar na vida, é que é preciso ter calminha. Parem para pensar, sim. Depois descontraiam e parem de pensar um bocadinho. Com dizia o Prof. Coimbra "Mais amor, menos doença". Até para a Gripe A

Upa upa recalcado 2 e 3

Durante cerca de 27 segundos tive a certeza absoluta que eu e os meus 3 melhores amigos éramos os Caça-Fantasmas. Estava no recreio da escola e andava na 3ª classe.



Antigamente tinha uma raquete de plástico vermelha, pendurava-a ao pescoço com um atacador e cantava e tocava os Contentores em cima do sofá. Quando acabava estava a suar.


Moral da(s) história(s) - não há