sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Caminho

Começo este post com um pouco de humor misturado com um recalcado. Quando tinha à volta de 7 anos, estava em casa da senhora que me ia buscar à escola e a quem eu fazia a vida negra. Esta senhora criava coelhos e patos no telhado do prédio (estamos a falar no telhado de um 6º andar) e de vez em quando esfolava-os à nossa frente. Devia ser porque nos moldava o carácter. Esta senhora tinha um filho na tropa que coleccionava carrinhos de brincar. Grande parte da sua colecção era constituida por carros velhos que eu deitava no lixo e ele ia recolher.

Bom mas não era isto que eu queria dizer. Certa tarde esta senhora já não me podia aturar e pôs-me de castigo sentado no sofá da sala a ver TV. A certa altura deu um anúncio de livros da Editora CAMINHO, no qual o senhor dizia essa mesma palavra, a qual eu repetido protagonizando com os dedos das mãos passos a percorrer o dito caminho. Levei uma lambadona sem saber ler nem escrever.

Mas também não era isto que eu ia falar. Ia falar de passos e de caminhos.

Desde que nascemos, aliás desde que começamos a andar, escolhemos as direcções que queremos seguir e os caminhos que nos levam aos destinos. Umas vezes os caminhos são acidentados ou os passos são em falso e as coisas correm mal. Também podemos escolher caminhos conhecidos, ir sempre pelas pedras que conhecemos com o destino sempre no horizonte. É mais seguro, sim, mas saberá ao mesmo?

Os passos que eu dou, quero-os firmes e seguros, quero chegar são e salvo aos objectivos, contruidos a dois. Mas por vezes não posso evitar dar passos em falso ou escolher caminhos fechados, escuros ou perigosos. Às vezes é preciso saber arriscar para que se possa chegar a um futuro que se quer, sempre e sempre, caminhante a dois.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

portinhas

nascer gatinhar andar. Correr depressa e devagar. Divagar, sonhar, voar. Cair levantar, cair levantar, cair levantar. Lenvant aste-me, deste-me, fizeste-me. Somos, temos e queremos. respirar, inspirar expirar, inspirar expirar, inspirar expirar. Tentemos! nascer gatinhar andar... sorrir, amar, viver.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Só perdem as que caem no chão

Há pouca gente que concorda com o que vou dizer, geralmente só psicólogos armados em bonzinhos e outros profissionais reles do tipo dos acima mensionados.

Estávamos no outro dia a falar do castigo às crianças e consequentemente da palmada. Claro que o cliché "palmada na altura certa" veio à baila. O que é isto da altura certa para bater? Será que a altura certa é 1,70m ou 2,34m? Ou é uma questão temporal? E nesse caso a altura certa no período da manhã? Também pode acontecer que altura certa para bater seja num horário especifico tipo funcionário público: das 10 às 13 e das 14 às 17, de segunda a sexta.

Se calhar a altura certa é um mito urbano para os pais justificarem que de vez em quando possam molhar a sopa nos filhos quando não têm mais paciência. Mas haverá justificação para que o façam? A maior parte das pessoas acha que sim. Mas eu acho que não, só porque sim. Aliás não é só porque sim, mas podia ser. Assim sendo, as razões pelas quais eu acho que não É:

- A relação pais-filhos deverá ser da ordem do amor e o bater não o é. É da ordem da agressão e da violoência.

- A relação entre o adulto e a criança é sempre desigual e o primeiro é, supostamente, mais competente. Ao bater numa criança o adulto assume que esgotou todos os seus meios para resolver a situação de outro modo, quando os seus recursos em termos de diálogo e compreensão são muito superiores aos da criança. Se o adulto se esgotou, o que dizer da criança?

- O bater surge quando o limiar de paciência do adulto se esgota e não necessariamente porque a criança o merece (será que alguma vez alguma criança merece apanhar?). Será que o a tolerância do adulto é sempre igual? Isto é, não será possível que a criança hoje apanhe porque foi avisada 3 vezes, mas amanhã apanha logo que faz um disparate?

- E será que ela percebe porque apanhou, quando nem o adulto consegue explicar porque não quer um determinado comportamento?

- Por outro lado a punição, a existir e para que seja compreendida pela criança deverá estar associada a um sentimento de justiça. O bater nunca tem este caráter pois a criança é magoada indiscriminadamente sem ter a sensação de ter magoado o outro.

- O bater é ilógico e animal. O ser humano pode e deve ter muitos mais recursos para poder resolver as coisas de outra forma.

- Porque é que a palmada na altura certa é aceite de uma forma geral por toda a gente e quando é um adulto a bater noutro (geralmente um homem a bater numa mulher) há imediatamente uma mobilização e o choque? Será assim tão diferente? Claro que sim! É ainda mais grave!


A alternativa não é muito fácil, obviamente, mas a punição física não faz sentido. Há uma série de alternativas que implicam paciência, tempo e amor. Não é fácil, claro. Mas ninguém disse que ter filhos o era.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Revisões

Para sumarizar aquilo que se passou neste interregno vou fazer uma lista de coisas que me aconteceram, com o cuidado de escolher as mais parvas. Adoro fazer listas!


- Tenho um lar, no sentido de casa e de sítio onde se está com alguém com quem se quer fazer família.
- Conheci um ogre
- O ogre afirma que foi alvo de assédio sexual
- Trabalhei na província
- Na província passa-se sempre a mesma coisa e a partir das 4 da tarde a mesma coisa é sinónimo de nada
- O meu patrão na província era Jesus, ou pelo menos alguém perto dele.
- Vi novas vidas a surgirem e fiquei todo contente.
- Estive num jantar onde se rezava e agradecia a Jesus pela comida. Eu ri-me disto e por isso vou ser castigado quando morrer.
- Ainda não vomitei este ano.
- Fui ao médico e o médico teve de me levar ao hospital porque fez-me ficar pior do que antes - note-se que antes estava bem.
- Levei uma anestesia geral e adorei
- Durante um mês só comi sopa.
- Durante um mês não vi a minha língua. Tive saudades dela.
- Deixei de trabalhar para Jesus e passei a trabalhar para o Diabo, segundo o ponto de vista do primeiro.
- Andei no carro da polícia e fui a tribunal e nem sequer cometi nenhum crime. Pelo menos não houve relação entre ambas as coisas.
- A policia devolveu-me dinheiro porque afinal não estava bêbado.
- Aprendi coisas novas e às vezes esqueço-me de coisas velhas. Como por exemplo a minha avó.
- Voltei a escrever no blog.
- Não encontrei dinheiro na rua.
- Não participei em nenhuma festa de celebração de estações do ano, mas também ainda falta vir o Outono e o Inverno. Se der ainda cuspo fogo todo nú em cima de folhas secas, lá para Setembro.
- Tive uma grande surpresa nos meus anos. E continuei sem ter surpresas no meu ânus.
- O Benfica foi campeão.
- O Luisão marcou outra vez no dia em que vi a faixa grande.
- Aconteceram outras coisas.
- Daqui a 5 minutos vou para a cama.

O regresso

A pedido de várias famílias vou voltar a escrever aqui. Não percebo muito bem como pode haver gente a querer ler tanta estupidez. Mas enfim... Cada um sabe de si bemol, ou fá sustenido, como quiserem.

Na verdade há coisas para dizer, embora o tempo não me dê tempo para prostituir o meu intelecto em troca de gargalhadas ou emoções de variadas estirpes. Para além da falta de tempo a vida deu umas voltas e as adaptações obrigam sempre a deixar coisas para trás. Mas isso não invalida que as possa trazer para o lado-a-lado do dia-a-dia (sim, ainda consigo arranjar mais palavras compostas).

Como tal contem com a minha renovada dedicação da mesma forma que vou contar com a estupidez do quotidiano para vos entreter.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Educação infantil

- Pai, como se fazem os bebés?
- Tu sabes, querida! Lembras-te quando a mãe chega a casa com um copinho...
- Extra!
- E depois começa a dar-me carinhos...
- Extra!
- Pois, o pai fica com certas partes do corpo com um tamanho...
- Extra!
- Mas ainda não acabou, depois vamos para a cama e ficamos acordados algum tempo...
- Extra!
- Durante 9 meses tenho dores de cabeça...
- Extra!
- Para depois passar o resto da vida em sofrimento a pensar quando é que acontece o mesmo à minha filha!
- Extraordinário!!!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Miguel no País da Estupidez 4 2/2

(continuação)

Cheguei à Segurança Social, aquele maravilhoso edifício que elimina logo uma série de potenciais utentes, devido à complexidade de portas automáticas, corredores labiríntico. 

Dirijo-me ao balcão dos trabalhadores independentes onde existe uma funcionária na triagem. A função da senhora da triagem é a seguinte:

- É trabalhador independente?
- Sim
(tira uma senha da máquina das senhas dos trabalhadores independentes a qual só tem este botão e está no balcão com a mesma designação) - Tem aqui a senha, é só aguardar o número.

Muito bem. Existe uma profissão no nosso país que consiste em fazer uma pergunta e carregar num botão. Acho que a do Homer Simpson era mais complexa... Mas no meu caso a história passou-se de forma um pouco diferente:

- É trabalhador independente?
- Sim
(tira a senha) - Tem aqui a senha, é só aguardar o número.
- A máquina que diz os números não está a funcionar, sabe em que número vai?
- Não faço ideia.

Bom, esta senhora que tem esta profissão complexa é incapaz de decorar um número que ouviu certamente há 3 segundos atrás. Deve estar cansada...

Lá fiquei à espera e percebi que tão cedo não me ia despachar. Resolvo ir à secretaria pedir uma informação. Chego ao balcão e digo:
- Queria uma informação
Ao que a senhora responde amavelmente:
- Ainda não temos maneira de saber os dados das pessoas só por olhar para a cara delas. Sem o número da Segurança Social não posso fazer nada!

A sensação que me deu foi que saltámos uma série de passos na nossa conversa até ao ponto em que ela me responde isto. A conversa devia ter sido:
- Queria uma informação
- Sabe o seu número da Segurança Social?
- Ah, que chatice. Não trouxe! Raios!
- Ainda não temos maneira de saber os dados das pessoas só por olhar para a cara delas. Sem o número da Segurança Social não posso fazer nada!

Agora sim faz sentido! Lá lhe disse o número e ela manda-me ir ao sítio de onde tinha vindo pedir essa informação.

Voltei lá, perguntei o que tinha de perguntar. Preenchi uma série de impressos e eis que ela me pede um papel que supostamente eu tinha de ter quando faço as declarações nas finanças:

- Não tem este papel?
- Não, eu faço a declaração electrónica. Não preencho impressos... É tudo pela internet... E agora? Há alternativa?
- Ah, então não dá. Só tendo este papel.

VIVA A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA!!!


Adorei este dia. Ainda fui ao Centro de Saúde por causa da Gripe A... mas isso é uma outra história...