quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Só perdem as que caem no chão

Há pouca gente que concorda com o que vou dizer, geralmente só psicólogos armados em bonzinhos e outros profissionais reles do tipo dos acima mensionados.

Estávamos no outro dia a falar do castigo às crianças e consequentemente da palmada. Claro que o cliché "palmada na altura certa" veio à baila. O que é isto da altura certa para bater? Será que a altura certa é 1,70m ou 2,34m? Ou é uma questão temporal? E nesse caso a altura certa no período da manhã? Também pode acontecer que altura certa para bater seja num horário especifico tipo funcionário público: das 10 às 13 e das 14 às 17, de segunda a sexta.

Se calhar a altura certa é um mito urbano para os pais justificarem que de vez em quando possam molhar a sopa nos filhos quando não têm mais paciência. Mas haverá justificação para que o façam? A maior parte das pessoas acha que sim. Mas eu acho que não, só porque sim. Aliás não é só porque sim, mas podia ser. Assim sendo, as razões pelas quais eu acho que não É:

- A relação pais-filhos deverá ser da ordem do amor e o bater não o é. É da ordem da agressão e da violoência.

- A relação entre o adulto e a criança é sempre desigual e o primeiro é, supostamente, mais competente. Ao bater numa criança o adulto assume que esgotou todos os seus meios para resolver a situação de outro modo, quando os seus recursos em termos de diálogo e compreensão são muito superiores aos da criança. Se o adulto se esgotou, o que dizer da criança?

- O bater surge quando o limiar de paciência do adulto se esgota e não necessariamente porque a criança o merece (será que alguma vez alguma criança merece apanhar?). Será que o a tolerância do adulto é sempre igual? Isto é, não será possível que a criança hoje apanhe porque foi avisada 3 vezes, mas amanhã apanha logo que faz um disparate?

- E será que ela percebe porque apanhou, quando nem o adulto consegue explicar porque não quer um determinado comportamento?

- Por outro lado a punição, a existir e para que seja compreendida pela criança deverá estar associada a um sentimento de justiça. O bater nunca tem este caráter pois a criança é magoada indiscriminadamente sem ter a sensação de ter magoado o outro.

- O bater é ilógico e animal. O ser humano pode e deve ter muitos mais recursos para poder resolver as coisas de outra forma.

- Porque é que a palmada na altura certa é aceite de uma forma geral por toda a gente e quando é um adulto a bater noutro (geralmente um homem a bater numa mulher) há imediatamente uma mobilização e o choque? Será assim tão diferente? Claro que sim! É ainda mais grave!


A alternativa não é muito fácil, obviamente, mas a punição física não faz sentido. Há uma série de alternativas que implicam paciência, tempo e amor. Não é fácil, claro. Mas ninguém disse que ter filhos o era.

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