segunda-feira, 15 de junho de 2009

O divino e o pagão

Quando andava na 4ª Classe escrevi uns poemas sobre Lisboa que foram publicados num livro infantil da Câmara Municipal. Dizia assim um deles (mais ou menos):

Santo António de Lisboa
Meu rico padroeiro
Serás sempre um casamenteiro

Na altura não percebia ao certo o que era esta coisa do Santo António e dos santos populares em geral. Hoje tenho a perfeita noção daquilo que é esta festa pagã.
Ora bem, caros amigos estudantes de erasmus que se passeiam pela cidade nesta altura, sem saber ao certo o que vos atinge até de manhã. A festa de Sto António é um pretexto para todas as pessoas da cidade percorrerem os bairros típicos bêbadas e andarem à porrada por causa de sardinhas e manjericos. Há lá motivo melhor para uma boa galheta do que uma cerveja entornada ou uma sardinha mal passada? Nem pensar nisso. Depois o Santo António permite-nos urinar sem pudor em qualquer esquina onde estão pelo menos 1700 pessoas a olhar para os nossos genitais. Mais, é uma oportunidade óptima para subir a Almirante Reis a pé confraternizando com as putas do intendente e respectivas entidades patronais. Policias e meliantes confraternizam animadamente. Homossexuais no armário bailam ao som do Emanuel com clones do Goucha. O fadista é respeitado como se fosse o Papa enquanto que os drogados aprendem a partilhar. E depois há as marchas! Ele há coisa mais bonita do que um Carnaval do Rio à Transmontana? Não senhora, não há! Peixe e carne convivem na mesma grelha como se fossem farinha do mesmo saco, trocando cheiros, quais atletas abraçados depois de uma maratona olímpica. As noivas de Santo António... esse fenómeno social lógico. Partilhar "o dia mais importante das nossas vidas" com 200 estranhos e 500 mil velhas telespectadoras a comentar a porcaria que o noivo leva nos dentes. Com sorte temos o Guilherme Leite a fazer o relato do vídeo para a posteridade.
Chega o fim da noite, vomitamos, e vamos dormir... é assim o Santo António de Lisboa... A bica é liiiiiiiinda! Alfama é liiiiiiinda! A Mouraria é liiiiiiiinda (mais ou menos)! Etc.

O Pagão e o Divino de mão dada uma noite inteira. Fazendo amor de forma porca e ordinária. A festa do povo de Lisboa. A melhor cidade do mundo. A melhor festa do mundo. Hoje a minha compreensão do Santo António é diferente. Não sei se é a correcta. Mas é muito mais divertida.



Sant' antónio jássacabou... mas calma, vem aí o Sanjoão onde se martela nos cornos das pessoas! Não há nada melhor!

1 comentário:

  1. Em nenhuma cidade do Mundo podemos encontrar um palco suspenso num prédio, que desafia todas as leis gravíticas e de segurança. Não há nenhuma festa do Mundo que junte tanta gente feia na mesma rua a cantar a plenos pulmões "Uns chupam-lhe a cabeça, outros preferem a posta, eu adoro comer rabo, seja cozido ou grelhado, cada um come o que gosta". A Bica é lindaaa, yeah yeah yeah Alto do Pina é que é, Alfama minha rica dama, Olivais chupa-me aqui os genitais. I Love This Game!

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