terça-feira, 19 de maio de 2009

Cinema 2

Depois da primeira, a segunda!

Quero falar daquele que é, provavelmente, o melhor filme que vi até hoje, ou pelo menos um dos melhores que vi até hoje. Com certeza o melhor que vi no último ano, e olha que vi muitos e bons filmes. A obra prima é " La meglio gioventu"; A melhor juventude ou The best of youth, noutras línguas corriqueiras.

É muito difícil dizer o que este filme é. Posso começar por dizer o que não é. Então, não é um filme unânime, não é um filme para qualquer pessoa. Não é um filme fácil de ser visto, até porque dura 6 horas. Não dá para rir e às vezes apetece chorar. Não é previsível, não é nada que tenha visto antes. Não é complicado mas ninguém disse que é preciso ser complexo para ser espectacular. Não é simples porque fala da vida e a vida pode deixar de o ser, de vez em quando. Não é em inglês e isso faz toda a diferença! Não tem efeitos especiais, heróis, finais felizes, não tem finais porque a vida continua sempre e este é um filme da vida.

Não é um filme, é uma história. Para quem não gosta de histórias, para quem está habituado ao cinema americano típico, não resulta. Não vejam!

O filme é uma história, aliás várias histórias de uma família italiana, de Roma, mas que se espalha por toda a Itália e até por outros sítios da Europa. Dá vontade de ir a esses sítios também, especialmente à capela na Noruega ou ao Cabo Norte. É uma história da História de Itália, ao longo de 40 anos, de 66 a 2003. As pessoas crescem com a história e nós, eu e tu, com eles também. Para quem gosta de histórias e de conhecer os outros como eu, é impossível não viver aquelas vidas como se me fossem próximas. E entende-las bem. É uma história de livros! É uma história de depressão e loucura. Mas também de saúde e de capacidade relacional. É uma história que fala dos erros quotidianos e da forma como eles nos podem mudar para sempre, de tal forma que pode parecer não haver retorno. Fala de famílias. Iguais a todas. É de uma tristeza estupidamente incómoda e de uma dureza impressionante. Ao mesmo tempo é de uma beleza e alegria simples. Mas que fica acima de qualquer coisa!

A relação entre a tristeza e a felicidade neste filme são esta metáfora: ter duas dores, uma moínha na cabeça, está lá sempre mas esquecemo-nos dela, e uma dor forte e aguda num dedo ou no estômago. Impossível não a notar. A felicidade é a moinha, a tristeza a dor aguda.

É um filme entre o erro e o perdão. Entre a agressão e a reparação. Entre a desistência e a perseverança. Não é um filme, é uma história... uma história que merece ser contada e recontada. Se calhar como as vidas de cada um de nós. Por isso é tão bom. Porque podia ser a história de cada um de nós. A vida de cada um de nós.


Valeu a pena correr 7 bombas de gasolina para comprar o dvd às 4 da manhã. Valeu mesmo! Concordarás certamente Nuno.

1 comentário:

  1. Certamente que concordo. Para quem gosta do género, tal como referiste no teu texto, é um filme que ficará para a vida. Daqui a algum tempo irei revê-lo, mas dessa feita vou ver as seis horas de seguida. Agora está na hora de voltar à bomba e ensinar o senhor que "A Melhor da Juventude" não é pornografia barata. Bem hajas

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